sábado, 16 de fevereiro de 2008

Vazio. O cacifo está vazio.
Vem-me uma daquelas fúrias… daquelas silenciosas, que trazem lágrimas aos olhos, que marcam as maiores injustiças do mundo, do tipo: porque raio não trocam o treinador do Benfica? Sacana do espanhol que só quer o mal do Glorioso…
Não me dizem para que me serve um cacifo vazio??! Antes tivesse ficado no calor da cama, ou à janela, à espera que passasse mais algum avião, a preparar planos para uma nova fuga.
Respiro fundo e olho com mais atenção, não posso acender a luz, para não me aparecer nenhum enfermeiro. Só coisas a contrariarem-me.
Resolvo passar com a mão para confirmar se está mesmo vazio mas, antes, convém benzer-me, nunca se sabe que coisas estão escondidas no escuro. Também não tenho a certeza se existe Deus, por isso, à cautela, vou agradando nestas pequenas coisas, já basta o que fiz sem me benzer antes.
A prateleira de cima está vazia, e a do meio também. No fundo em baixo, no canto esquerdo, está um papel amarrotado.
Enquanto abro o papel, vem-me mais uma lágrima ao olho direito.

5 comentários:

Mário disse...

tens razão, vou jogar pelo seguro. Quando passar por ti vou benzer-me sempre. E não estranhes.

Maria das Mercês disse...

Ó Mário, tu tens cada uma... Rita, gostei da abertura que deste, do suspense criado e do facto dele abandonado de vez aquela história de morder o cão. Valha-me São Markl!

Renata Correia Botelho disse...

Boa, Rita. Este vazio foi bastante desconcertante e abriu caminho a variadíssimas hipóteses!

Renata Correia Botelho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renata Correia Botelho disse...

Ops, desculpem lá... Publiquei, sem querer, o meu comentário anterior duas vezes. Depois apareceu-me a hipótese de o apagar, fi-lo e percebi então que fica esta desagradável referência ao facto do comentário ter sido removido pelo autor... Azelhices. Ou mistérios inerentes ao intrigante conto que temos entre nós? Lol!