E o mundo ficou suspenso, como se estivessem num filme em que, depois de uma cena muito barulhenta, de repente desligassem todo som à espera que a personagem reagisse. Era, nitidamente, uma pergunta armadilhada: ela não tinha sequer fechado os olhos, fixava-o sem pestanejar, não havia qualquer dúvida sobre a cor.
Sem querer, ele lembrou-se dos olhos da Joaninha, da contabilidade, que eram azuis, sempre a brilharem de vida e alegria. Era uma rapariga simpática, a Joaninha, sempre disponível para lhe fazer companhia ao almoço.
Pânico. Os olhos que tinha à sua frente não tinham qualquer brilho.
Precisava de se concentrar, qual seria a resposta correcta? Seria boa altura para lhe dizer que o encantamento que sentia com a sua companhia estava gasto, sem dar lugar a nenhum sentimento novo? E seria isso realmente verdade? Como reagiria ela? Ele não queria estragar tudo. Mas o que era o “tudo” que tinham? Já não estaria estragado?
Ela não deixava de o fixar… Tinha de tomar uma decisão. Ajoelhou-se, segurou-lhe carinhosamente as mãos, respirou fundo e sorriu. Tudo se ia resolver.
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2 comentários:
Bem, Rita, isto complica-se cada vez mais... o que só aumenta o interesse, não é? Força Susana!
Susana, tens uma grande responsabilidade,eh,eh
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