
Cena IV
Jovem e avó estão no centro do palco, ele com ar revoltado, ela humilde; sentado no chão, o Senhor dos Passos tenta retirar o espinho do pé.
Jovem – Oh avó, tu não estás mesmo aqui, percebes, isto não passa de mais uma ilusão da Igreja para nos fazer acreditar que…
Senhor dos Passos – Ah sim? E este espinho, é a fingir? E o sangue no meu pé, é sumo de tomate? Olhem que esta…
Avó (tenta pousar a mão no ombro do jovem, que se afasta) – Fé e amor, fé e amor!
Jovem – E o que mais? Extracto de caviar para a pele, pó de diamante para as unhas, manteiga de karité para o cabelo e um cartão VISA com «plafond» ilimitado. Tenham paciência! (afasta-se, aos gritos) Marília, onde estás?
Senhor dos Passos – Alguém tem aí um canivete? Ou uma faca de fruta? Também serve.
Avó senta-se no sofá, com ar pesarosamente pio. Jovem continua a procurar Marília. Senhor dos Passos permanece no chão, a escarafunchar no pé. Pela esquerda baixa, grupo de adolescentes e criança regressam, cantado e dançando um tema tipo Andrew Lloyd Webber. Colocam-se no centro do palco. O Senhor dos Passos fita-os abismado. O jovem não lhes presta muita atenção, pois está a falar ao telemóvel.
Grupo –
Jovem – Oh avó, tu não estás mesmo aqui, percebes, isto não passa de mais uma ilusão da Igreja para nos fazer acreditar que…
Senhor dos Passos – Ah sim? E este espinho, é a fingir? E o sangue no meu pé, é sumo de tomate? Olhem que esta…
Avó (tenta pousar a mão no ombro do jovem, que se afasta) – Fé e amor, fé e amor!
Jovem – E o que mais? Extracto de caviar para a pele, pó de diamante para as unhas, manteiga de karité para o cabelo e um cartão VISA com «plafond» ilimitado. Tenham paciência! (afasta-se, aos gritos) Marília, onde estás?
Senhor dos Passos – Alguém tem aí um canivete? Ou uma faca de fruta? Também serve.
Avó senta-se no sofá, com ar pesarosamente pio. Jovem continua a procurar Marília. Senhor dos Passos permanece no chão, a escarafunchar no pé. Pela esquerda baixa, grupo de adolescentes e criança regressam, cantado e dançando um tema tipo Andrew Lloyd Webber. Colocam-se no centro do palco. O Senhor dos Passos fita-os abismado. O jovem não lhes presta muita atenção, pois está a falar ao telemóvel.
Grupo –
“Ele é perigoso!
Ele não é quem diz ser!
Loucos, vocês não percebem,
temos muito a perder,
temos de o esmagar,
como o outro antes dele,
ele tem de morrer!
Pelo bem da nação, ele tem de morrer!
Tem de morrer, tem de morrer!!!”
Entra a tia, de punhal em riste e dirige-se ao jovem.
Tia – Tens de morrer! Sabes demasiado, tens de ser eliminado!
Jovem – Mas está tudo louco? Vim aqui porque me iam dizer e mostrar coisas importantes, nada vi, nada me disseram e agora tenho de morrer porque… ARGH!
Tia crava punhal no peito do jovem, que tomba lentamente para o chão. Grupo de jovens e criança pegam na cruz de Senhor dos Passos, deitam o jovem em cima e saem pela direita alta, cantarolando “Ele teve de morrer!”. Avó e tia seguem-nos. Todas as luzes se apagam, à excepção de foco roxo que incide sobre Senhor dos Passos, ainda sentado no chão a escarafunchar no pé.
Senhor dos Passos – Olhe, espere… ei, passe-me aí esse punhal!
Ele não é quem diz ser!
Loucos, vocês não percebem,
temos muito a perder,
temos de o esmagar,
como o outro antes dele,
ele tem de morrer!
Pelo bem da nação, ele tem de morrer!
Tem de morrer, tem de morrer!!!”
Entra a tia, de punhal em riste e dirige-se ao jovem.
Tia – Tens de morrer! Sabes demasiado, tens de ser eliminado!
Jovem – Mas está tudo louco? Vim aqui porque me iam dizer e mostrar coisas importantes, nada vi, nada me disseram e agora tenho de morrer porque… ARGH!
Tia crava punhal no peito do jovem, que tomba lentamente para o chão. Grupo de jovens e criança pegam na cruz de Senhor dos Passos, deitam o jovem em cima e saem pela direita alta, cantarolando “Ele teve de morrer!”. Avó e tia seguem-nos. Todas as luzes se apagam, à excepção de foco roxo que incide sobre Senhor dos Passos, ainda sentado no chão a escarafunchar no pé.
Senhor dos Passos – Olhe, espere… ei, passe-me aí esse punhal!
7 comentários:
Bem me parecia que faltava uma morte a esta peça. Acho que, para completar a coisa, só faltou um elemento do público invadir o palco e desatar à porrada com os actores.
Isso já passava das marcas, man!!! Quem disse que havia, sequer, público lá? Eheheheh
triste final feliz. Tá óptimo
Boa, Maria! A peça resultaria. Digo eu que de teatro percebo pouco. Fica-se sem se saber grande coisa (como convém nestes temas), o quem não deixa de ser um final feliz, porque, confesso, este jovem estava mesmo a pedi-las... ehehe
uau...
Só quero esclarecer que o comentário eliminado foi meu. Inadvertidamente, publiquei 2 vezes o mesmo.... Argh!!!! Agradeço as palavras de todos :)
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