segunda-feira, 19 de maio de 2008

Godot era primo direito da sua falecida mulher. De quando em quando aparecia para um joguinho de cartas. Volta e meia trazia consigo o amigo Samuel que não sabia jogar às cartas mas escrevia cartas. Pelo menos assim parecia. Ficava a um canto calado, a escrevinhar, a escrevinhar. Godot costumava apontar para ele com o polegar e a dizer em surdina – nunca se cansa, o sacana. Ninguém sabe para quem são aquelas cartas, mas cá para mim só podem ser para uma mulher.
Mas tanto Godot como o amigo, que também tinha um nome estrangeiro, tinham lá estado na noite anterior e nunca apareciam dois dias seguidos. Godot era muito ocupado. Era o que dava a entender porque estava sempre a lastimar-se da falta de tempo para comparecer a umas reuniões. Elton João não sabia se o primo da falecida mulher faltava ou não àquelas reuniões mas tudo leva a crer que sim. Até uma vez telefonaram-lhe lá para casa às tantas da manhã: Estamos á espera de Godot há mais de duas horas. Sabemos que costuma ir a sua casa. Por acaso não sabe dele?

Elton João
disse que não.

1 comentário:

Maria das Mercês disse...

Ahahah! Realmente, com tanta espera, só poderia ser de Godot! Agora o Elton João é que me apanhou desprevenida! Esperará o quê? E eu sou a seguir.....